segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Crise econômica mundial deve reduzir faturamento de fabricantes de PCs

Durante meses a indústria global dos computadores pessoais (PCs) evitou o pior: a retração econômica. Mas o período de prosperidade parece que está chegando a um fim abrupto. Em um relatório divulgado em 14 de janeiro, a consultoria IDC informou que o quarto trimestre de 2008 foi um fiasco, com as vendas unitárias de PCs caindo 0,4%. A IDC prevê tempos de vacas magras para os fabricantes de PCs, com uma previsão de queda de 5,3% das vendas em 2009 e uma recuperação lenta em 2010. Outros analistas alertam que as coisas provavelmente vão piorar mais do que em 2001, quando as vendas de PCs caíram 5%. O problema econômico é maior desta vez e as tendências gerais são imprevisíveis. "Este é um evento quântico", afirma Roger L. Kay, presidente da consultoria Endpoint Technologies Associates. "É diferente do que experimentamos antes. É preciso descartar as velhas regras e começar tudo de novo." A maioria dos fabricantes de PCs está equipada para suportar uma recessão prolongada. Eles reduziram os estoques e aumentaram suas reservas de caixa. Mas mesmo assim a queda ainda vai provocar muitos danos. Um dos motivos: o segmento de mercado que vem crescendo mais rapidamente é o dos chamados netbooks - notebooks mais despojados que custam entre US$ 300 e US$ 500 e proporcionam lucros bem menores que os notebooks tradicionais. Outro ponto negativo: o próximo sistema operacional da Microsoft não deverá ser lançado antes de 2010, de modo que muitas empresas poderão esperar para fazer a atualização de seus computadores. A rápida deterioração do negócio dos PCs poderá levar a uma reformulação que poderá reverberar em todo o setor de tecnologia. Entre os potenciais perdedores estão a Dell e a Lenovo, ambas muito concentradas no estagnado mercado corporativo. A Lenovo informou em 8 de janeiro que vai cortar sua força de trabalho em 11% e reduzir os salários dos executivos. A Dell demitiu executivos e cortou despesas, mas o vice-presidente sênior Alex Gruzen prevê que os netbooks acabarão ampliando o mercado, em vez de pressionar as margens. Dois pilares da indústria dos PCs também estão vulneráveis, O fenômeno dos netbooks está apertando a Intel e a Microsoft mais do que todas as companhias. Analistas afirmam que a Intel terá de vender até três vezes mais os processadores Atom, que fazem os netbooks funcionar, para ganhar o mesmo que ganha vendendo um único processador convencional de notebook. Segundo fontes, a Microsoft consegue cerca de US$ 13 por cópia pela versão do Windows que vai nos netbooks, contra mais de US$ 50 naquelas que vão nos PCs convencionais. Os fabricantes de PCs que deverão se sair melhor incluem a Hewlett-Packard (HP), Acer e Apple. A HP tem uma carteira bem equilibrada de produtos. A Acer opera com uma estrutura de custos taiwanesa superenxuta, que permite a ela conseguir preços agressivos para seus produtos. A Apple parece satisfeita em continuar fabricando PCs cada vez mais potentes a preços mais altos. Mas será que comercializar computadores potentes com design industrial sofisticado vai funcionar durante a crise? Isso é discutível. A consultoria NPD Group diz que as vendas dos computadores Macintosh caíram 1% em novembro, o que pode ser um sinal de problemas. Apesar dos tempos incertos, os executivos das fabricantes de PCs vão observar as companhias mais bem-sucedidas em busca de pistas. A capacidade da Apple de levar os consumidores a comprarem seus iPods, iPhones e Macs, por exemplo, atrai consumidores para o seu mundo exclusivamente Apple. Em função de todas as turbulências, a única grande companhia de tecnologia que pode se sentir otimista com o mercado de PCs no momento é a IBM. A "Big Blue" fugiu dos tumultos vendendo sua unidade de PCs para a Lenovo há quatro anos. (Fonte: Valor Econômico - Empresas & Tecnologia - 19.01.09) . Colaborador Luis Luca

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