O número de versões dos netbooks da ASUS já passou dos dois dígitos e todo esse trabalho frenético finalmente deu resultados concretos, graças ao lançamento do melhor de todos os seus aparelhos, o ASUS EeePC 1000HE ($400). Ele definitivamente chega para tomar o lugar do MSI Wind como o mais caprichado desses diminutos computadores que sonham em ser um laptop. O que o coloca nesta invejável posição não é nem o uso do novíssimo processador Atom N280, da Intel, nem sua bateria de seis células elegantemente posicionada, tampouco seu teclado redesenhando (e melhorado).
Pois numa categoria em que o preço é essencial, o 1000HE tornou-se a nova Escolha do Editor porque oferece tudo isso a um valor bastante baixo. Por tempo limitado, aliás, você pode ainda economizar $25 adicionais se assinar o grupo da Asus no Facebook ou se adquirir o seu 1000HE via pré-venda nalguma loja online.
À primeira vista, o EeePC 1000HE lembra quase todos os outros netbooks do mercado – belo exterior, mas com opções limitadas de cor –, mas uma análise mais criteriosa revela algumas melhorias no design. As duas cores disponíveis – preto sólido e azul marinho – equivalem-se àquelas oferecidas pelo MSI Wind, pelo Acer Aspire One (10 polegadas) ou pelo Samsung NC10-14GB. Pesando 3,2 libras, é mais pesado do que o Aspire One (2,9 libras), o MSI Wind (2,6 libras) e o NC10-14GB (2,9 libras), mas por uma boa razão: ele foi concebido para que o módulo envolvesse a bateria de seis células e potência de 63 Wh, eliminado assim aquela protuberância esquisita que podemos ver atrás de outros aparelhos que utilizam o mesmo tipo de bateria, como o Aspire One (10 polegadas) e o NC10-14GB. Esconder a bateria, de modo a fazer com que ela “escorregue” quase que totalmente sob a base, justifica plenamente o pequeno ganho de peso. Na verdade, o “E” de 1000HE representa a bateria estendida, uma melhoria significativa em relação ao seu antecessor, o EeePC 1000H.
Se os avanços de design não são assim tão óbvios na parte externa, eles logo se tornam gritantes quando o usuário abre a tampa do aparelho. Os revestimentos nas extremidades das dobradiças são banhados em aço e os botões do mouse e o próprio touchpad são de alumínio – fazendo com que haja um contraste marcante com o interior, todo negro. Os botões do mouse, por sinal, são posicionados abaixo do touchpad (exatamente onde devem ficar) e não ao seu lado, como no HP Mini 2140. Até a Acer notou a inconveniência de se ter os botões adjacentes ao touchpad e fez as modificações necessárias no seu recente Aspire One (10 polegadas). Mas os botões do mouse do 1000HE são substancialmente maiores do que aqueles do Aspire One e do MSI Wind, além de darem a impressão de terem sido “embrulhados” ao redor do painel frontal, situado no meio do laptop. Isso faz com que haja bastante espaço entre o polegar e o indicador quando o usuário está navegando. Embora não seja o primeiro do tipo a equipar um notebook, o touchpad baseado em gestos do 1000HE é o primeiro a comparecer num netbook. Com dois dedos, por exemplo, o usuário pode fazer rolagens para cima e para baixo, ao mesmo tempo em que fica com três dedos para clicar o mouse. Os botões produzem um pequeno ruído quando clicados, não sendo tão silenciosos quanto os do Dell Inspiration Mini 12.
Assim como ocorre na maioria dos netbooks, o 1000HE possui um visor widescreen de 10 polegadas (LED) com a velha resolução de 1024 por 600. Quando a HP apresentou o seu Mini 2140, mencionou como opcional uma suposta tela com resolução de 1366 por 768 – configuração que a própria companhia definiu como “alta definição” –, mas ainda não se fala nada a respeito em seu site. De qualquer maneira, o Dell Mini 12 é, pelo menos até o momento, o único netbook com resolução de 1280 por 800. O teclado do 1000HE foi completamente redesenhado em relação ao do 1000H e, dependendo de como você o mede, ele possui 92% ou 93% do tamanho de um teclado usual (ou seja, tão grande quanto os que equipam o 2140 e o NC10-14GB). As teclas lembram as do Apple MacBook 13-inch (Aluminum) e do Sony VAIO VGN-Z590, isto é, também se parecem com as teclas de um telefone público, mas muito maiores. Digitar num teclado deste tamanho não será sacrifício pra ninguém, portanto.
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Em termos de outros recursos, o 1000HE não possui vantagens assim tão claras em relação ao que oferecem os demais aparelhos de sua categoria. Ele vem com três entradas USB, uma webcam, saída VGA, leitor de cartão 4-em-1, entrada para ethernet e Wi-Fi 802.1 1n – a configuração padrão de um netbook. O único bônus de verdade é o Bluetooth embutido. Caso houvesse uma saída HDMI, o 1000HE seria intocável... O hard drive de 160GB é o mesmo do Acer Aspire One (10 polegadas) e do Samsung NC10-14GB. Ele não possui um slot ExpressCard integrado como o HP 2140 e o Lenovo IdeaPad S10, além de não oferecer recurso de banda larga embutido (modem celular), como o HP Mini 1000 e o Dell Inspiron Mini 9.
O 1000HE é o primeiro netbook equipado com o processador de 1,66GHz Atom N280, da Intel. No papel, ele garante uma performance ligeiramente superior à do Atom N270 CPU e, agora, a nova plataforma de controle de memória oferece suporte à memória DDR2, avaliada em 667 MHz (a partir de 533 MHz). Em testes de performance envolvendo cenários reais, é difícil notar qualquer diferença de performance entre o 1000HE e sistemas como o Wind, o Aspire One (10 polegadas) e o HP 2140. Os resultados do 1000HE no SYSmark 2007 Preview Overall foram similares aos do Samsung NC10-14GB e bateram os obtidos pelo Wind e o 2140 por uma margem de apenas 5%. Seus resultados em termos de performance de vídeo foram melhores do que os do Aspire One (10 polegadas) e do 2140 por margens de 3 a 4%.
A ASUS equipou o netbook com uma ferramenta de controle de velocidade da CPU parecida com aquela que também equipa o EeePC 1002HA. É possível escolher entre diversos modos—Super Performance, High Performance, Auto e Power Saving—simplesmente pressionando uma tecla específica situada acima do teclado. Mas antes que você fique muito empolgado, é bom saber que os ganhos são bem pequenos. Quando mudamos de Auto para Super Performance, os resultados de performance de vídeo do 1000HE sofreram melhorias da ordem de 6% somente. Todos os testes aqui descritos foram feitos no modo Auto.
O benefício real da transição para o N280 é a redução do real state da placa-mãe, que tornou possível a obtenção de form factors mais leves e potencializou a redução de custos. Embora não seja possível dizer isso em face das formas mais rotundas do que a média que o 1000HE apresenta, a perfeita integração da máquina ao design da bateria de seis células é resultado desse efeito redutor. Os resultados obtidos pela bateria de 63Wh do 1000HE foram melhores do que os resultados da bateria de 58Wh do Samsung NC10-14GB e da bateria de 48Wh do Dell Mini 12, embora todas elas sejam baterias de seis células.
Quando testamos a bateria do EeePC 1000HE em nossos laboratórios, ficamos bastante impressionados. No MobileMark 2007, ela chegou a funcionar por seis horas e 36 minutos, 46 minutos a mais do que a bateria do Samsung NC10-14GB. No modo Power Saving, a ASUS basicamente desliga o Bluetooth e a webcam, além de diminuir em 40% o nível de brilho do monitor. Mesmo assim, o Acer Aspire One (10 polegadas) foi um fenômeno mais consistente do que o 1000HE em termos de duração da bateria, com oito horas e seis minutos de autonomia.
Todas essas melhorias não significariam nada se o preço não fosse atrativo – e foi essa a razão de não termos eleito o HP Mini 2140 a Escolha do Editor. Pois, embora seja um sistema excepcional, seu custo é de salgados $650. A importância do preço explica a razão de o netbook mais barato – o Acer Aspire One – ser o mais vendido, apesar de seu teclado complicadíssimo de usar. O ASUS EeePC 1000HE faz menos concessões em comparação a outros netbooks e o que o usuário ganha em termos de design, facilidade de uso e autonomia de bateria, dentre outras coisas – e por preço honesto –, será difícil de se bater. Por Fernando Souza Filho / por Cisco Cheng
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