A maior fabricante de artigos de tecnologia do Brasil parece ter perdido a corrida de gadgets que marcou 2010.
A acirrada concorrência do setor resultou em um ano de solavancos para as ações da Positivo Informática (POSI3), que amargam queda de 44% desde janeiro – 28% só nos últimos 30 dias.
O terceiro trimestre foi duro para a líder de mercado: a empresa surpreendeu os investidores com uma queda de 74% no lucro líquido no período e uma redução de 65,6% no EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). A maré vermelha nos balanços abateu as ações, que estrearam na BM&FBovespa negociadas a 23 reais em 2006, e hoje são cotadas em torno de 11 reais.
O tombo recente é cortesia da agressividade de grandes nomes mundiais como Apple e HP, dizem analistas. “A concorrência atingiu principalmente o preço dos notebooks, abatidos em 16,9% pelo cenário competitivo no período”, explica Sandra Peres, analista da Coinvalores, que mantém as ações da companhia em revisão após o balanço extremamente negativo.
A Positivo chegou a citar durante sua conferência de resultados a “competição desleal” com alguns produtos de multinacionais. “Como é natural em mercados em forte crescimento, denota-se um acirramento no ambiente competitivo, com vendas de computadores praticamente sem lucratividade, por exemplo”, argumentou o presidente da Positivo Informática, Hélio Rotenberg. A empresa foi contatada, mas preferiu não participar da reportagem.
Por outro lado, além da luta para manter sua fatia de mercado, há falhas internas que pesaram nos números, como o registro do aumento das despesas com assistência técnica e garantia durante o terceiro trimestre. “Caso as ineficiências operacionais sejam superadas, mesmo com a concorrência, a tendência das margens é de melhora”, aponta Bruno Gonçalves Amaral, analista da Link Investimentos, que recomenda a manutenção do papel.
Em queda
Por enquanto, as expectativas para as ações não são otimistas. “O mercado antecipou o mau momento da companhia, e os papéis devem continuar precificando isso”, complementa Amaral. As ações não devem ter catalisadores de alta também durante o quarto trimestre. “O setor é exposto à sazonalidade, como as promoções de Natal e o investimento em marketing no período. Os papéis devem continuar pressionados até dezembro”, explica.
Já para 2011, o desempenho em bolsa deve ganhar alívio com ajuda do momento favorável ao consumo de tecnologia e à classe C, na qual a empresa tem posicionamento forte, aponta Luiz Azevedo, analista da corretora Ágora.
“Mesmo com o desempenho negativo em 2010, o setor terá um contexto otimista no ano que vem, com a demanda de computadores ainda alta. Além disso, a própria empresa já sinalizou o interesse em melhorar a operação interna”, argumenta.
No entanto, a partir de certo ponto, para fazer frente a tablets e smartphones é preciso investir em criatividade, diz Azevedo. “Mesmo os ganhos de eficiência vão precisar ser complementados por pesquisa e desenvolvimento. Uma das saídas possíveis é por meio da inovação e da criação de produtos competitivos, novos e com apelo ao consumidor”, sugere.Mirela Portugal, de EXAME.com
terça-feira, 23 de novembro de 2010
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