terça-feira, 3 de novembro de 2009

Você vai querer comprar um e-reader

por Filipe Serrano
"A questão é simples: é surpreendente ou não?” A dúvida surgiu entre a equipe do Link, que desacreditava ao ver o Kindle assim que o aparelho aportou na redação. Se o grau de surpresa depende de cada um, o furor causado pelo aparelho é incontestável.
O Kindle – na verdade o modelo é chamado de Kindle 2, porque já havia um anterior – foi lançado pela Amazon no início de 2009 e agora é vendido em 100 países, incluindo o Brasil. Ele tem jeito, na verdade, de ser um dos primeiros modelos de um novo tipo de equipamento que ainda virá a ser popular, o leitor eletrônico de livros digitais (e-reader).
Ainda há muitas falhas. A primeira reação é tocar na tela, mas ele não aceita comandos de toque. É preciso usar um botão direcional, como o de um celular, pouco intuitivo. O tempo de resposta é lento para os padrões de hoje, o que irrita. Ele também não é colorido – e isso não é realmente um problema. Ainda que apenas em preto e branco, a reprodução de imagens é incrivelmente boa, pouco melhor até que uma foto monocromática de jornal e semelhante a um desenho a lápis.
A tela é seu grande trunfo. Mesmo sob o sol que fez em São Paulo na sexta, foi possível ler textos na tela como se fosse um livro comum. Mas, do mesmo jeito, é preciso que haja luz no ambiente porque o Kindle usa uma tecnologia que, diferente das telas LCD, não emite luz, o que cansa os olhos. Circuitos elétricos alternam o pigmento de pequenos pontos na tela entre preto e branco e formam os textos e as imagens. É por isso que dá até para tirar uma fotocópia do Kindle.
Outro problema é a falta de conexão Wi-Fi. Todos os livros são baixados pela rede de celular, que nem sempre é rápida o suficiente. Também dá para fazer buscas na Wikipedia. Nos EUA, é possível navegar na internet, mas no Brasil esse recurso é bloqueado.Nos testes do Link, em vários momentos o Kindle avisava que não era possível se conectar por falta de sinal.
A conexão é imprescindível para fazer compras via Kindle. O Link testou a compra. Demorou uns minutos, mas funcionou. O método é simples. Basta navegar na própria Amazon, escolher um livro e selecionar o botão “Buy this book”. Infelizmente, você só fica sabendo do preço ao entrar nos detalhes de cada livro. Em seguida, o cartão de crédito que deseja usar e, ao confirmar, o arquivo é baixado automaticamente. Não há outra forma de pagamento. Caso se arrependa, dá para cancelar a compra.
Cada Kindle fica registrado com uma conta da Amazon, mas foi possível trocar de usuário sem que os livros gravados fossem apagados. Isso permite a uma terceira pessoa se logar em um Kindle de outra, baixar um livro já comprado, e deixar o arquivo para o dono original.
No fim, o Kindle é um ótimo aparelho. O preço (R$ 900) ainda é salgado, mas vai agradar, e muito, aos leitores que gostam de ler em inglês, mesmo os amantes de livros em papel. A facilidade de comprar livros pode fazer esse tipo de leitor repensar sobre a necessidade do papel. O preço de cada arquivo digital (US$ 12) também é caro, já que equivale ao preço de pocket books em inglês – sendo que o digital não tem os custos materiais do papel.

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