quinta-feira, 30 de julho de 2009

Plástico reciclado vira papel


SÃO PAULO – Sacolinhas plásticas, embalagens de iogurte e biscoitos e sobras industriais de plástico agora têm um destino mais nobre. Depois de reciclados, eles são transformados em papel.
O processo que consegue produzir papel a partir de qualquer tipo de plástico foi desenvolvido pelo Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos em uma parceria com a empresa Vitopel, e contou com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo.
O produto usa a tecnologia dos filmes de polipropileno biorientado, material usado em rótulos, embalagens de biscoitos, salgadinhos e na indústria gráfica. O resultado é uma lâmina de plastico resistente, bem parecida com o papel couché, comumente usado em revistas, catálogos e adesivos.
“É uma forma de dar um destino nobre aos produtos aparentemente indesejados. Qualquer tipo de plástico pode ser transformado: pacotes de biscoito, de chocolate, de iogurte. Até as sacolinhas plásticas ou sobras industriais”, explica José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Vitopel.
De acordo com Roriz Coelho, o papel feito desse material tem muitas vantagens sobre o papel comum, feito a partir de celulose. “Ele é impermeável, tem uma durabilidade maior e é infinitamente reciclável”, explica. “Ele também é cerca de 40% mais leve que o papel comum”.
O produto final, chamado de Vitopaper, demorou cerca de dois anos para ser desenvolvido e teve um investimento total de cerca de 4 milhões de reais. A patente mundial foi registrada no ano passado e o lançamento oficial do produto aconteceu em março. Agora, alguns livros, banners e folders já começam a ser impressos com o papel de plástico.
Na época do lançamento, o Vitopaper foi criticado pela Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel, que o considerou “uma lâmina de plástico, já que o papel é feito a partir de fibra de celulose". Mas Roriz Coelho afirma que não entrará em uma discussão inútil. “Nós entendemos como papel aquele produto em que você escreve, imprime, desenha. Isso é possível no Vitopaper. E não é preciso nenhuma tinta ou caneta especial”, afirma o presidente da Vitopel.
O produto, no entanto, ainda não tem data definida para entrar ser comercializado no varejo. “O que estamos fazendo é uma produção mais industrial. Hoje vendemos apenas para o mercado gráfico, editorial, promocional, de embalagens e de etiquetas”, afirma.
Mas já há planos de exportação. “Exportaremos, sem dúvida, o produto ou a tecnologia, por meio de alianças no exterior”.
O preço dependerá da demanda. “Por enquanto está mais alto que o papel comum. Mas a matéria prima é barata e a tecnologia é nossa. Assim que a procura aumentar, o preço cai”, diz. Mariana Amaro, de INFO Online

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