Com seu cabelo loiro bem arrumado, maquiagem cuidadosa e elegante vestido azul, nada em Alison Lewis a identificaria como "nerd", na festa de lançamento de seu primeiro livro, em Manhattan. Mas se alguém lhe faz perguntas sobre circuitos ou LEDs, logo percebe que ela conhece as soldas e comutadores tão bem quanto conhece moda e acessórios.
O livro, Switch Craft: Battery-Powered Crafts to Make and Sew, oferece dicas sobre projetos de artesanato que combinam tecnologia, roupas e acessório, entre os quais uma bolsa musical, um travesseiro que inclui fones e microfone para celular, uma saia iluminada e brinquedos móveis para gatos.
Lewis, 34, vive em Filadélfia e quer comunicar que a tecnologia não precisa ser complicada ou difícil, e que ela pode ser acessível e elegante a ponto de ser usada ou carregada pela cidade.
A idéia de adornar roupas com cabos e LEDs pode parecer incongruente. Mas os eletrônicos conquistaram um grande espaço em nossas vidas. Ao sair de casa, as pessoas se preocupam tanto em não esquecer o celular e o MP3 player quanto com suas carteiras e chaves. E se alguém já usa todos esses aparelhos, por que não integrar suas funções às de um chapéu ou bolsa?
O trabalho de Lewis também é prova da popularidade do artesanato e dos projetos caseiros de eletrônica. São dois hobbies que cresceram muito nos últimos anos, ajudados por revistas como Make e Craft e sites como o etsy.com, um mercado online de artesanato, e a comunidade online de artesãos Crafster.
Além do livro de Lewis, que representa a culminação de dois anos e meio de trabalho com a artista e designer Fang-Yu Lin, ela apresenta um programa de vídeo na web chamado Switch, que integra moda e tecnologia, e foi professora de tecnologia da moda na Nova Escola de Design Parsons, em Nova York.
Mas o livro deve ampliar ainda mais sua audiência, ajudado por diversos títulos semelhantes lançados nos últimos meses, como Fashioning Technology: A DIY Intro to Smart Crafting, da designer Syuzi Pakhchyan, e um livro que explora a interseção entre roupas e tecnologia escrito por Sabine Seymour, colega de Lewis na Parsons. "Isso vai mudar a maneira pela qual as pessoas fazem artesanato", disse Lewis.
Ela tentou tornar seu livro mais fácil do que obras semelhantes. Nenhuma das peças que ele ensina requer programação de computadores e alguns projetos podem ser realizados com conhecimentos mínimos de artesanato ou tecnologia. Alguns, como um chapéu com um bolso para um iPod Shuffle, não requerem qualquer conhecimento tecnológico.
Pakhchyan, designer de mídia que vive em Los Angeles, acredita que tornar a tecnologia acessível ao público mais amplo é o ponto forte do trabalho de Lewis. "Ela está ensinando o primeiro passo às pessoas e abrindo suas mentes para o processo", diz Pakhchyan.
A trajetória de Lewis na combinação de moda e tecnologia se inicia em Arlington, Texas, onde sua mãe a ensinou a costurar. Lewis gostava de fazer suas roupas, e de tentar imitar as pessoas das revistas - ocasionalmente com resultados horrendos.
Ela se formou em artes na faculdade, e mais tarde começou a trabalhar como webdesigner. Mas queria trabalhar com mídia mais táctil e por isso se matriculou na Parsons em 2002 para um mestrado em design e tecnologia da comunicação. Como parte do programa, fez um curso onde aprendeu técnicas básicas de eletrônica, como a de construir um circuito simples.
"Eu meio criei o ramo", brinca Lewis, descrevendo um projeto antigo no qual ela movia os braços de uma boneca Barbie conectada a um computador, e isso fazia surgir diversas imagens femininas na tela. A interatividade a fazia sentir que estava dando vida a alguma coisa. "Eu ficava pensando por que ninguém tinha me ensinado a fazer aquilo desde o começo", dz.
Lewis sempre incorporou cores, texturas e imagens suaves, como flores, aos seus projetos, sem medo de produzir aparelhos com revestimento de pelúcia ou cores como o rosa, para compensar a frieza que percebe na tecnologia.
Como resultado, muitos dos projetos do livro atraem mais as mulheres, como os chaveiros que incorporam ímãs e LEDs e se "beijam" e acendem quando estão próximos. Mas ela diz que não escreveu um guia de eletrônica para meninas. "Minha impressão é a de que se eu disser que é um livro de eletrônica, só as meninas já interessadas em eletrônica vão lê-lo, e eu desejo uma audiência mais ampla", ela diz.
Na verdade, alguns dos projetos seriam interessantes para homens com senso de estilo e um lado nerd - por exemplo uma bolsa para laptop que se acende quando identifica um hot spot de Wi-Fi.
Com a ajuda de uma máquina de costura, tentei reproduzir um dos projetos mais simples de Lewis: uma capa com revestimento de papel alumínio para proteger o chip de seu passaporte contra bisbilhoteiros que podem tentar obter dados usando rádio.
Depois de algumas horas de trabalho e algumas costuras mal feitas, minha capa vermelha e branca estava pronta. Não sei se ela protegerá muito o passaporte, porém - testei o método usando a capa para envolver um cartão magnético de abertura de portas e continuei capaz de abrir as portas do escritório.
Mas mesmo que esse projeto seja mais um exemplo de paranóia chique do que de proteção, fazer alguma coisa que atraísse o lado fashion e o lado nerd de meu cérebro ao mesmo tempo foi muito divertido. Agora, a idéia de uma saia iluminada me intimida menos.
E se você não conseguir realizar algum dos projetos, mesmo que siga meticulosamente as instruções de Lewis, não se desespere. É fácil se vingar da autora com o projeto no qual ela ensina a fazer um boneco de vodu capaz de se movimentar. Rachel Metz Tradução: Paulo Migliacci ME
O livro, Switch Craft: Battery-Powered Crafts to Make and Sew, oferece dicas sobre projetos de artesanato que combinam tecnologia, roupas e acessório, entre os quais uma bolsa musical, um travesseiro que inclui fones e microfone para celular, uma saia iluminada e brinquedos móveis para gatos.
Lewis, 34, vive em Filadélfia e quer comunicar que a tecnologia não precisa ser complicada ou difícil, e que ela pode ser acessível e elegante a ponto de ser usada ou carregada pela cidade.
A idéia de adornar roupas com cabos e LEDs pode parecer incongruente. Mas os eletrônicos conquistaram um grande espaço em nossas vidas. Ao sair de casa, as pessoas se preocupam tanto em não esquecer o celular e o MP3 player quanto com suas carteiras e chaves. E se alguém já usa todos esses aparelhos, por que não integrar suas funções às de um chapéu ou bolsa?
O trabalho de Lewis também é prova da popularidade do artesanato e dos projetos caseiros de eletrônica. São dois hobbies que cresceram muito nos últimos anos, ajudados por revistas como Make e Craft e sites como o etsy.com, um mercado online de artesanato, e a comunidade online de artesãos Crafster.
Além do livro de Lewis, que representa a culminação de dois anos e meio de trabalho com a artista e designer Fang-Yu Lin, ela apresenta um programa de vídeo na web chamado Switch, que integra moda e tecnologia, e foi professora de tecnologia da moda na Nova Escola de Design Parsons, em Nova York.
Mas o livro deve ampliar ainda mais sua audiência, ajudado por diversos títulos semelhantes lançados nos últimos meses, como Fashioning Technology: A DIY Intro to Smart Crafting, da designer Syuzi Pakhchyan, e um livro que explora a interseção entre roupas e tecnologia escrito por Sabine Seymour, colega de Lewis na Parsons. "Isso vai mudar a maneira pela qual as pessoas fazem artesanato", disse Lewis.
Ela tentou tornar seu livro mais fácil do que obras semelhantes. Nenhuma das peças que ele ensina requer programação de computadores e alguns projetos podem ser realizados com conhecimentos mínimos de artesanato ou tecnologia. Alguns, como um chapéu com um bolso para um iPod Shuffle, não requerem qualquer conhecimento tecnológico.
Pakhchyan, designer de mídia que vive em Los Angeles, acredita que tornar a tecnologia acessível ao público mais amplo é o ponto forte do trabalho de Lewis. "Ela está ensinando o primeiro passo às pessoas e abrindo suas mentes para o processo", diz Pakhchyan.
A trajetória de Lewis na combinação de moda e tecnologia se inicia em Arlington, Texas, onde sua mãe a ensinou a costurar. Lewis gostava de fazer suas roupas, e de tentar imitar as pessoas das revistas - ocasionalmente com resultados horrendos.
Ela se formou em artes na faculdade, e mais tarde começou a trabalhar como webdesigner. Mas queria trabalhar com mídia mais táctil e por isso se matriculou na Parsons em 2002 para um mestrado em design e tecnologia da comunicação. Como parte do programa, fez um curso onde aprendeu técnicas básicas de eletrônica, como a de construir um circuito simples.
"Eu meio criei o ramo", brinca Lewis, descrevendo um projeto antigo no qual ela movia os braços de uma boneca Barbie conectada a um computador, e isso fazia surgir diversas imagens femininas na tela. A interatividade a fazia sentir que estava dando vida a alguma coisa. "Eu ficava pensando por que ninguém tinha me ensinado a fazer aquilo desde o começo", dz.
Lewis sempre incorporou cores, texturas e imagens suaves, como flores, aos seus projetos, sem medo de produzir aparelhos com revestimento de pelúcia ou cores como o rosa, para compensar a frieza que percebe na tecnologia.
Como resultado, muitos dos projetos do livro atraem mais as mulheres, como os chaveiros que incorporam ímãs e LEDs e se "beijam" e acendem quando estão próximos. Mas ela diz que não escreveu um guia de eletrônica para meninas. "Minha impressão é a de que se eu disser que é um livro de eletrônica, só as meninas já interessadas em eletrônica vão lê-lo, e eu desejo uma audiência mais ampla", ela diz.
Na verdade, alguns dos projetos seriam interessantes para homens com senso de estilo e um lado nerd - por exemplo uma bolsa para laptop que se acende quando identifica um hot spot de Wi-Fi.
Com a ajuda de uma máquina de costura, tentei reproduzir um dos projetos mais simples de Lewis: uma capa com revestimento de papel alumínio para proteger o chip de seu passaporte contra bisbilhoteiros que podem tentar obter dados usando rádio.
Depois de algumas horas de trabalho e algumas costuras mal feitas, minha capa vermelha e branca estava pronta. Não sei se ela protegerá muito o passaporte, porém - testei o método usando a capa para envolver um cartão magnético de abertura de portas e continuei capaz de abrir as portas do escritório.
Mas mesmo que esse projeto seja mais um exemplo de paranóia chique do que de proteção, fazer alguma coisa que atraísse o lado fashion e o lado nerd de meu cérebro ao mesmo tempo foi muito divertido. Agora, a idéia de uma saia iluminada me intimida menos.
E se você não conseguir realizar algum dos projetos, mesmo que siga meticulosamente as instruções de Lewis, não se desespere. É fácil se vingar da autora com o projeto no qual ela ensina a fazer um boneco de vodu capaz de se movimentar. Rachel Metz Tradução: Paulo Migliacci ME
Nenhum comentário:
Postar um comentário